sexta-feira, 27 de junho de 2014

800 anos de língua portuguesa

Celebram-se hoje simbolicamente os 800 anos de língua portuguesa escrita com o documento do testamento do rei D. Afonso II datado de 27 de Junho de 2014.


Se a fundação do país recua a 1140, a língua portuguesa foi individualizando-se do galaico-português e sempre se transformando até hoje altura em que é falada por 250 milhões de pessoas espalhadas por todo o mundo, bem para lá dos países de língua oficial portuguesa: Portugal, Brasil, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Angola, Moçambique e Timor, pois está no sangue sermos (e)migrantes.


Fernando Pessoa proclamou no heterónimo de Bernardo Soares no Livro do Desassossego que a sua pátria é a língua portuguesa. Diremos que tal expressa esse sentir de uma consciência  e frequência energética específica que perpassa a língua portuguesa. 


Assim, porque não aproveitar este fim de semana, para respirar e explorar esse potencial concreto que nos une e sentir esse fractal específico da nossa alma?... bem para lá da pronúncia, dos regionalismos, dos acordos ortográficos... ;)
porque não aproveitar para sentir o que está para lá das palavras, para lá dos sons?...
O que tem esta consciência que é já mística e mítica que une os filhos da língua portuguesa? 
Permites-te expressar na tua mestria e nesta nova energia essa consciência desperta?
Permites-te integrar esse fractal cristalino que emana do centro do Ser? 

Boas respirações e inspirações

...


http://olhares.sapo.pt/mar-portugues-72-foto2032444.html





Deixamos um resumo sobre a visão de Agostinho da Silva para reflexão e inspiração 
(link para o post com vídeo aqui):

1

«Agostinho da Silva é dos mais paradoxais pensadores portugueses do século XX. O tema mais candente da sua obra foi a cultura de língua portuguesa, num fraternal abraço ao Brasil e aos países lusófonos. (...)»

 Ler texto completo aqui: http://cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/1910h.html 


2

«Do rectângulo da Europa passámos para algo totalmente diferente. Agora Portugal é todo o território de língua portuguesa. Os brasileiros lhe poderão chamar Brasil e os moçambicanos lhe poderão chamar Moçambique. É uma pátria estendida a todos os homens (...).
Quando se diz ter Portugal de fazer alguma coisa, o que tem de ser feito sê-lo-á por todos os homens de língua portuguesa. A missão de Portugal, agora, se de missão poderemos falar, não é a mesma do pequeno Portugal, quando tinha apenas um milhão de habitantes, que se lançou ao Mundo e o descobriu todo, mas a missão de todos quantos falam a língua portuguesa (...). Os Portugueses poderão ir para o Quinto Império se decidirem, em primeiro lugar, não serem imperadores. Este é o ponto essencial da questão. Paradoxalmente, apenas haverá um Quinto Império se não existir um quinto imperador (...)»


Agostinho da Silva, Entrevista a Victor Mendanha, "Correio da Manhã", 31 de maio de 1986, in Dispersos, Lisboa, ICALP, pp. 127-128.


«(...) Ou os homens de língua portuguesa inventam qualquer coisa, criam qualquer coisa que tire o mundo da confusão em que está hoje, da escravidão em que vive quase toda a gente – escravidão de varias espécies – e a liberta para uma vida que seja verdadeiramente humana, e até mais do que humana, ou, então, o papel dos homens de língua portuguesa vai ser muito restrito no mundo. E é capaz de aparecer alguém a tomar esse encargo. Gostaria muito que fossem os homens de língua portuguesa a terem uma mensagem que fosse válida para a Europa, porque, coitada da Europa!, não tem mais nenhuma mensagem para dar. É preciso que uma das tarefas de Portugal seja essa de fazer com que a Europa tenha alguma mensagem a dar para o futuro e se ocupe de coisas mais largas do que aquelas que primacialmente a têm ocupado»


Agostinho da Silva, «Entrevista a Antónia de Sousa, "Diário de Notícias", 20 de Julho de 1986, in Dispersos, Lisboa, ICALP, 1988, pp. 134-135
ler texto aqui: http://observatorio-lp.sapo.pt/pt/ligacoes/sitios-de-interesse1/historia-d-lingua/agostinho-da-silva